Para atingir a meta de emissão zero no transporte rodoviário de cargas é preciso focar nas dificuldades do caminhoneiro autônomo renovarem sua frota, cuja idade média está em mais de 20 anos. As dificuldades encontradas por esses profissionais para renovar os seus veículos preocupa o setor.
Atualmente, a renovação de frotas se concentra nos grandes transportadores. Dessa forma, como atingir a meta de zero emissão no transporte se esses veículos, responsáveis por uma grande parcela de CO2 ao ambiente, são a maioria em circulação nas rodovias brasileiras. O cenário é preocupante afina esses veículos são equipados com motores que não atendem aos padrões de emissão de gases poluentes mais exigentes.
Gregori Boschi, sócio da [BIM]³ – Boschi Inteligência de Mercado, destaca que o mercado de caminhões possui uma frota circulante de aproximadamente 2,2 milhões de veículos com peso bruto total superior a 3,5 toneladas, com idade média acima de 12 anos. Mais de 60% desta frota possui 11 anos de idade – em 2014, veículos com mais de 11 anos representavam menos de 40% (Relatório de Frota Circulante – SINDIPEÇAS), revelando envelhecimento da frota.
Outra informação importante é que a parcela de caminhões com menos de 5 anos diminuiu consideravelmente nos últimos 10 anos (de 38% para menos de 24%).
“O caminhoneiro autônomo representam cerca de 67% do mercado de caminhões, de acordo com dados da CNT. Esses profissionais possuem menor acesso ao crédito, poder de barganha e são detentores dos veículos com idade média mais. Para descarbonizar é essencial criar condições favoráveis aos autônomos, por meio de linhas de crédito específicas e taxas de financiamento especiais que favoreçam a renovação da frota”, disse.
Caminhoneiro autônomo: é preciso linha de crédito eficiente e programas de incentivo
Para Boschi, a renovação de frota só acontece entre os grandes frotistas, que tem poder de compra para adquirir um caminhão novo, com tecnologia embarcada e de ponta. Além disso, outro fator como a alta da taxa Selic afasta ainda mais a possibilidade do autônomo de pensar em um financiamento. Atualmente, conforme explica Boschi, não existe nenhum tipo de linha de crédito atrativa para os autônomos.
Para Boschi alguns programas ambientais poderiam contribuir para melhorar, a questão das emissões.
“Preocupações ambientais legítimas incentivaram as evoluções técnicas no mercado de transporte. O Proconve (Programa de Controle de Emissões Veiculares) – que regula emissões de gases de efeito estufa, mas não controla dióxido de carbono (CO2), foi um deles. Quando fiscalizado de maneira correta ajuda a tirar de circulação veículos extremante poluentes, que também comprometem a segurança. Porém, essa inspeção não acontece”, destacou.
Mas, todas essas questões são complexas e passam por questões sociais, conforme explicou Boschi. Afinal, como retirar o caminhão velho de um autônomo que é a única fonte de renda? “Para tentar resolver essa questão, é necessário uma série de medidas. Todos os programas voltados para a renovação da frota sempre incentivaram a compra do novo. É preciso repensar e criar algo que atenda os autônomos”, concluiu.
FONTE: https://ocarreteiro.com.br/exclusivo/caminhoneiro-autonomo-3/